domingo, 30 de janeiro de 2011

DOIS LADOS

Volver

Um ano se passou.
Passou-se um ano.
Desligar-se do mundo é ligar-se a si mesmo, ao seu mundo.

Vivi várias vidas.
Fui pai, fui mãe, fui irmão, fui amigo e sou Tio, ainda e para sempre.

A responsabilidade bateu à porta.
Virei homem. Já era hora.
A minha hora.

Ligar-se ao mundo, é toda hora.
Desligar-se também é.
Hoje sou um interruptor com vontade própria.

Quero me ligar novamente.
Vivenciar vidas, palavras, sensações, emoções.
Viver o outro com o outro.
Ser eu, sem ser ele. Mas saber sermos nós.

Curtir a vida, o espaço, o amor e o desamor.
Curtir tudo.

Saber mastigar sem pressa.
Saborear as palavras, o sorriso, o olhar, a carne, o gosto.
Sentir o gosto pela boca, pelos olhos.

Simplesmente voltar.
Voltei.

sábado, 30 de janeiro de 2010

A 5ª Estação


Há momentos e momentos.
Alguns vêm, outros vão.
E alguns chegam novamente.

A conversa tímida, descompromissada e cheia de interesses explicitamente implícitas.

Um sorriso que vem do olhar no olhar e logo se descodifica em fixação, interesse, atração.
O coração sorri junto.

Uma mão que se toca.
Uma perna que se toca.
Um olhar que se troca.
Um sorriso que se troca.
Tudo é troca. Queremos trocar. Trocar e tocar.
Sempre.

A continuidade da timidez muito tímida que cega e engana.

Há dúvidas no ar.
Há dúvidas do olhar.

Então tudo se para.
Parados e pré-parados.
Parados não querem ficar, mas param ao se olhar.

Quem vai chegar pra começar?
Começar pra mostrar. Sem medo de mostrar.

Mostrar pra abrir, entrar e começar. . . começar a ficar.

Ficar para não sair.
Sair nunca mais.

Sempre ficar.
Sempre olhar.

Olhar que fala.
Olhar que sorri.
Olhar que chora.
Olhar que olha.
Olha o olhar e cola ao coração.
No coração que é pra nunca mais ficar. . . ficar sem amar.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

S A M U R A I


Os olhos não são negros.

Como a escuridão dos seus cabelos emendados ao pêlo que cobre sua face.

A face é branca.

De uma palidez que enrubesce.

Enrubesce até descer sobre seu colo que contrasta com suas vestes sombrias de tão negras.

Quase tudo é preto e branco.

Mas tem que pegar, puxar, forçar, até rasgar para descobrir, que sobre o branco, existe a cor.

De um colorido quase monocromático que encanta, fascina e hipnotiza.

Depois disso, tem que ser tocada, sentida, mordida e marcada.

Tentar sentir à força essa coloração como se fosse desmanchar através dos lábios.

Sentir a textura, a mistura que elas têm.

Estão ali para serem sentidas, tocadas. Adoradas.

Adoradas por quem sabe sentir que elas existem.

Existem para atrair, puxar, segurar, prender e tornar seu, nosso, dos dois.

É uma confusão de cores monocrômicas que aos olhos se tornam um caleidoscópio gigante pronto para agarrar sua presa, que coitada, acredita e não quer desgrudar mais.

Pobres os coitados, que se encantam. Não sabem ou é porque realmente sabem que se assemelham a viajantes no mar sob uma tempestade escura a ouvir o cantar da mais bela sereia que os faz fantasiar como sendo únicos para ela.

Estático, utiliza-se apenas do seu olhar para dizer tudo o que sente, tudo o que quer.

Um olhar que penetra, invade sem querer saber, apenas entrar, tomar conta e contaminar.
Contamina cada célula, cada pensamento, cada sentimento. É tudo ou nada.

É uma batalha, do querer e não querer. Poder e não poder. Deixar ou não deixar. Gostar e não gostar. Ficar ou partir.

Fique.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Estranha União




Sempre buscando conhecer. É o processo. Coisas novas, pessoas novas, novos amores, novas paixões, novas experiências. E o primeiro passo que, instintivamente, buscamos são as afinidades para as possibilidades de um acerto ou desacerto. Se o signo combina, se a música me agrada, se isso ou se aquilo. Isso ou aquilo é o que importa. A palavra é combinar.

Mas porque apenas o positivo com que há de positivo? Porque não olhar para o que não se casa, já que, segundo a física, são os opostos, que na verdade, se atraem?

Homem perfeito, amor perfeito, vida perfeita. Credo! Coisa mais chata!

Tem que ser legal, sim. Mas quero descobrir, quero desconfiar, quero ficar enciumado, quero sentir raiva, me zangar, brigar. Brigar para descobrir, confiar, gostar, perdoar, fazer as pazes e então amar. Amar para novamente começar tudo de novo, pois tudo o que não combinar é o que me atrai. É o que me excita e me faz ficar sempre ligado a você. A você que não tem nada a ver comigo e que combina tanto.

O que, acredito de verdade, deve combinar para começo de conversa é: Yin com o Yang. Ativo com o passivo. Dominador com o submisso. Sádico com o masoquista. Calmo com o apressado. Psique masculina com a psique feminina, seja homem ou mulher.
Você sabe quem, na verdade, você é?

Vamos desafiar, persuadir, desobedecer, conquistar, se excitar, sentir paixão com essa diferença toda. Aprender a amar, a respeitar e adorar todas essas qualidades que nunca são o nosso forte, mas que irão fortalecer nossas experiências nesse processo de se relacionar e de se transformar neste constante e sempre novo “eu”.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Sentir Diferente


Sentir para sentir realmente


Fugir se não for para sentir


Ficar para saber sentir


Sentir fundo


No fundo d’alma


Que é a que mais sente


Quando sabemos sentir realmente