segunda-feira, 20 de abril de 2009

Outono


Fim de um período. Hoje, dei uma brecada do meu ritmo. Não uma brecada, mas sim um desvio de rota. Domingo, troquei as noites escuras e tão escuras já há um tempo, pela luz.
Deixei de lado um pouco os afazeres mecânicos e domésticos da vida num apartamento de um rapaz solteiro e caí pra cidade.
Outono no ar, luz do sol já querendo lamber os beiços do seu amigo horizonte, caminhei rumo ao contato humano. São Paulo, hoje, não era São Paulo. Durante o percurso apartamento - Ibirapuera, cruzei as ruelas do meu bairro e notei a beleza de suas ruas urbanas e tão verdes.
Numa calçada, pude notar, no seu finito caminho, que os ganhos das árvores, verde abacate com contrastes de verde escuro, tinha seus braços que se cruzavam abrindo o caminho. A luz do sol, que de tão intrometida, brilhava num clarão, no nordeste do local, brotando nessa mistura de intromissões, uma terceira cor, meio limão, meio laranja. Isso, Limão-Laranja.
E prossegui. Ao chegar à passarela, pude avistar, atrás do obelisco, todas as paredes dos prédios, refletindo, agora, o laranja esplendor do sol, que já desistia do dia de apresentação.
Como a cidade vive nos dias de folga. Não que isso seja apenas reflexo dos pensamentos e energias que transitam por toda ela, com seus cidadãos sem stress por, pelo menos, um dia. Não. Notei que a cidade fica mais bonita, porque ela consegue respirar e isso, deixa seus poros e o brilho da tez, muito mais saudável. E ela agradece.
No meio do parque, a multidão. Muitas pessoas felizes. Notei que muitas pessoas estão felizes com seus filhos, cachorros, maridos, namorados e bicicletas. Mais bicicletas que maridos. Mais a frente, notei a mulher que olhava para seu marido à frente carregando o filhote. Uma pena. Seu olhar denunciava todo seu cansaço e mágoa por não saber que ele não te olha, não te deseja, não pega sua mão, não a leva pra fazer algo novo, algo diferente, não consegue fazer ela se sentir sua mulher. Ele estava ali ao lado dela, mas para ele, quem parecia não estar ali era ela.
Pensei: nem tudo são flores nessa vida. Momentos ruins existem. Mas, ela que resolva seu problema. Eu, a cidade, o parque e mais meie multidão nela estávamos contentes o suficiente e com nossa auto-estima nas alturas. Me deixa , que eu sou feliz!