domingo, 11 de outubro de 2009

A Cidade Apaixonada

O dia hoje está tão lindo!

O sol, que já algum tempo não se via, queima e arde a pele com seu estridente raio de luz.

O vento sopra. E levemente, suaviza o ardor deixado pelo seu companheiro que brinca alegremente.

O cantar dos pássaros e o perfume da primavera que hipnotiza um beija-flor que pousa sobre suas pétalas, saúdam a cidade, que com o habitual caos longe dela, sorri, brilha e mostra para quem quiser notar, o quão apaixonada e feliz, ela está.

O dia vai passando, vendo as nuvens ao longo caminho que vão percorrendo até ao mar chegar.

Toda metida, percebe as muitas cantadas, elogios e sorrisos, que seus habitantes, a quase todo instante costumam a ela jorrar.

O fim da tarde se aproxima, sabe. Mas para ela, pouco importa, pois bem planeja que com o partir do sol, com seu vestido de estrelas pela noite vai deslumbrar.

Amanhã? Que importa? É dia da padroeira, feriado, quer deiscançar, mas antes ha de nos braços da madrugada namorar.






quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Quando chega ALGUÉM

Eis, então, que tudo acontece.
Eis, então, que ALGUÉM aparece.
A princípio olhamos, observamos e estudamos,
Mas nem sempre desconfiamos. Parece que a certeza há.
Há certezas, incertezas, meias certezas e certeza inteiras.
Mas todas, não passam apenas de frações.
Tudo é incerto.
Depois, vemos que mesmo nada sendo certo
Parece tudo, certo ser.
Queremos, então, ter, pegar, levar, rasgar, morder, possuir.
Tornamo-nos por vezes seguros, outras inseguros, egoístas e outras altruístas.
Queremos ser tudo e todos ao mesmo tempo.
Queremos agradar, alegrar, rir, possuir. Ser possuído.
Queremos trocar, cambiar.
Trocas e mais trocas afim de que nunca paremos de aprender, de crescer, de trocar.
Queremos trocar amor, carinho, paixão, sexo, prazer, gozo, tapas, socos, amor, muito amor.
Queremos ser melhores.
Oferecer, dar mais que receber. Mas, queremos receber. Não é tudo uma troca?
Tudo é uma troca.
A dúvida sempre há, sempre haverá quando ALGUÉM chega.
Há dúvidas, mas há muita certeza também.
Certeza no toque.
Certeza no beijo.
Certeza no olhar.
Certeza nos pensamentos.
Certeza no sexo.
Certeza no aperto de mão demorado.
Certeza no sorriso apertado.
Aperta a mão, aperta os lábios e o coração.
Aperta de tanto calor, de tanta paixão para depois entrar o amor.
Vai entrar, vai ficar, vai levar.
Vou levar. Vou apostar.
Vou esperar e vou ganhar.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Ser e não ser!


Qual o sentido da verdadeira atração?
Será a atração verdadeira, ou a verdadeira atração é sentir quem você quer ser sentido?
Sentido, sentidos, sem sentido.
Mas, afinal, me diga!
Que sentido tem o sentido, se na verdade, sentido algum há?
Há apenas a certeza.
A certeza move, a certeza leva, a certeza se concretiza.
Tudo passa a ser certeza.
Mas há certeza quando?
Quando há de ver certeza, se nem certeza há?
Mas é preciso ter certeza?
Ou a certeza é preciso para não se arriscar.
Não arriscar? Que bobagem!
Tem que apostar, tem que mostrar, tem que ser, tem que ter, tem que possuir, ser possuido.
Tem que ser eu, tem que ser ele.
Seremos nós.
Nós, dois. Um.
Um vezes dois.
Sempre dois.

domingo, 23 de agosto de 2009

Para alguém


Todos os dias, quase sempre, desde o momento em que nos levantamos ao acordar até o momento em que nos deitamos para dormir, há sempre momentos de pausa para nossa mente onde nos perguntamos sobre, pensamos em ou desejamos alguém. Se alguém ainda não existe questionamos como, quando e onde será que esse momento acontecerá. De novo, mais uma vez, menos uma ou nunca mais até querer o próximo. Desejamos emprego, casa, comida, diversão, balé, mas o alguém, esse sempre está lá na lista dos 10 mais, rondando impertinente em volta, do lado de dentro e de fora da nossa tão ansiosa mente. Chega a ser um vício, inconsciente muitas vezes, mas um vício. Se vamos sair, temos que nos aprontar, vestir, embelezar e a nossa entorpecida mente vaga atrás de alguém. Se alguém já existe, ótimo, a imagem é clara. Se não, mais trabalho e mais ansiedade em construir diversas possibilidades de montar um quebra cabeça mental até que a ultima peça se revele, seja depois de uma noite, de um café descompromissado, um flerte casual, uma teclada virtual ou de uma investida que se arrastava há algum tempo. Ter esse alguém em nossa mente é como um passa tempo, uma diversão para nossa quase sempre solitária mente. Ela, nessa busca, pode nos fazer sorrir, esperar, desistir, chorar, apaixonar, amar, odiar, matar, perdoar, aprender, ensinar, tudo de acordo com o aprendizado dela desde que começamos a nos entender como alguém. Alguém, ninguém, aquém, além. Ele, ela, sempre aparece, sempre vai embora até o dia em que se aproxima, chega, senta, toma um chá, dá um abraço e pede pra ficar. Para sempre.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A primeira vez


Fui ao seu encontro. Sem medo.
Sem medo de você e sem medo de mim.
Sem medo de experimentar o que seria novo.
Sem medo de expor meu sentimento, minha vontade, meus desejos.

Já havia experimentado esperar de alguém e encontrar o que sempre li nos livros
Mas uma vez vivenciado, nunca mais somos os mesmos.
Assim foi comigo durante uma longa jornada de descobrimentos.
Sempre muito lento, mas tudo ao seu tempo. O meu tempo.

Desta vez, graças à curiosidade e meu interesse em pesquisas
Indo nos compartimentos secretos dos livros que quase ninguém lê
Buscando o autoconhecimento e aprimoramento do que é viver e viver
Que te encontrei

Ainda não sei se encontrei ou se fui encontrado
Ou então, se toda a energia que cerca esses livros proibidos
Acaba por te levar até caminhos que sempre estiveram a nossa frente
Talvez escondidos pela grossa poeira deixada na estante.

Fui. Cheguei.
Não havia nervosismo ou ansiedade. Desta vez, não.
Foi como chegar ao lugar que nem mesmo eu, no mais fundo de mim
Pensava alguma vez, nesta vida, encontrar.

Senti em casa. Uma nova casa.
Não haveria mais dúvidas nem inseguranças.
Não tem porque ter.
Os papéis são muito bem definidos
E a seriedade, também.

Pele branca
Pêlos escuros
Lábios vermelhos
Olhos profundos. Profundos em mim.

Sentir seu toque
Toque molhado, toque seco, toque duro. Toques.
Ser, obedecer, dar, oferecer, receber. Trocas justas.

Ser seu
Obedecer a você
Dar o que você quiser
Oferecer o que você mais quer
Receber o que você tem de melhor para me dar.

E o tempo foi passando. Rápido demais.
Vontade de travar uma briga contra os ponteiros do meu tempo.
Prolongar até que durasse uma eternidade
Não venci. Ainda.

O calor do abraço, o sabor do braço
O cheiro do perfume, o perfume da pele. Toda pele.
Só para mim.

Você me quer?
Sou de você. Pertenço-te.
Mas o que quer de mim terá.
Eu quero tudo. Tudo que possa me fazer ser teu. Só teu.

Mais um tempo sem você. Não tem como mudar.
Mas tenho como suportar, esperar.
Abastecido pelo seu cheiro, seu olhar, seu suor, seu gosto, sua saliva, seu amor.
Você agora está dentro de mim, dentro da minha cabeça, dentro do meu desejo.
Você é real. Eu sou real. Nós somos reais.

Apenas o começo.

No fundo da estante, agora há outro livro.
Novo, desconhecido, com algumas páginas escritas.
Cheias de emoções, sentimentos, desejos.
Há um código para o acesso.
Há que ter permissão.
Aguardo ansioso por ela.
Ela vem. Eu sei.

sábado, 8 de agosto de 2009

Tigre sem sabre


Hoje, conheci um tigre diferente dos outros tigres.
O tigre, sendo ele de qual espécie for, é um caçador solitário e, quase sempre, noturno.
Não precisa ser provocado ou cutucado para atacar.
Silencioso, sua presa, nunca percebe quando se aproxima.
Este tigre, o que conheci hoje, não difere muito de outras de sua espécie.
Características parecidas, mas uma delas me fez ver o quanto ele era diferente, sim.
Acostumado com a forma que sua espécie vive ao longo dos séculos, este conseguiu unir a utilidade da caça ao prazer. O mais puro prazer.
Sabendo de sua fama de solitário e todo o charme que esta característica o envolve, vaga pelas noites, pelas manhãs, tranqüilo.
Não precisa ficar atento em encontrar sua presa. Sabe que seu charme e toda a beleza e cheiro que seu pêlo exala, é que irá trazer a presa até ele.
Esta, uma vez entorpecida, não sairá de suas garras.
A forma como ele olha para ela, como penetra em seus olhos todo o desejo e vontade em devorá-la, funciona como uma espécie de magia.
Ela já não consegue mais sair. Está presa.
Sabe que não a machucará. Não tem medo. Ela confia.
Apenas sente. Sente prazer.
Quer estar com ele, brincando em seus jogos sedutores, criados especialmente para ela. Só para ela.
Sair dele, nem pensa.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Nudez - K.M




Pendure seu casaco
Tranque as portas
Deixe o vapor subir pelos ceús . Tudo bem?
Tudo bem, você está preparado para deixar rolar esta noite?

Faça a sua coisa com a sua própria coisa
Mova os quadris!
Está ficando um movimento legal
Adivinha quem está olhando agora?
Olha! Olhando agora.

Hora se de despir
Só abra esse zíper para mim, e faça isso funcionar
Só o exponha
Por que você sabe.
Tudo bem? Tudo bem!
Deixa rolar. Lá vamos nós.
Deixe isso deslizar para dentro.
Isso mesmo. Um botão por vez.
Quem se importa com quem está vendo?.


Pele com pele, corpo no corpo
Ouse me deixar ver
Sua nudez

O menino escoteiro


Havia um menino escoteiro que andava a acampar.
Inteligente, belo sorriso, conquistava a quem por sua frente passar.
Suas idéias, palavras e atos o levaram ao primeiro lugar.

Na equipe, bom líder era.
Começou como subchefe,
Mas foi aí mesmo que despontou
E deu ao chefe, um xeque. Mate.

Nas provas em equipe
Bom estrategista era
Com suas novas idéias
Era o líder que a equipe sempre quisera.

Foi então que numa prova de resistência
No caminho se perdeu
Não notara a direção do sol
O menino se rendeu

O caminho foi difícil
Muito mato, galhos e espinhos
Sua pela branca e rosada
Avermelhada, agora, estava


Foi num galho
Da terceira enroscada
Que se deu
O primeiro arrepio

Parou e olhou para trás
Para ver se alguém o observava
Sem nenhuma alma presente
Seu caminho livre
Agora estava.

A volta, que antes árdua estava
Cheia de sensações agora o levava.
Do mato, galhos e espinhos
Seu corpo já não esquivava

O sol, que ao alto o iluminava
Queimou seus lábios, coxas e braços
Tornando única a passagem
Pela doce dor que pairava no espaço.

Chegar não foi difícil
A dor não foi difícil
Esquecer é que foi difícil

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Como uma droga

Garoto! Sim, você quem começou isto.
Você me faz sentir que está louco pelo meu corpo.
Eu? Eu não posso!
Eu não posso parar isso.
Você quem começou? Então, continue! Continue!
Me faça sentir como se isto fosse real.
Você me pegou, então me jogue na pista.
Se eu estou viciado... e é a você, que eu tenho que pedir...Eu quero mais!

Danço como se fosse o único. Único.
Como se eu fosse o único rapaz que você quer.
Isso é foda! Eu tenho um radar em você.
Isto é tão físico! Eu quero você, quero você!

Eu nunca viajei assim. Tão delicado e fino .
Você, realmente, entrou em minha mente.
Eu, realmente, quero fazer, tudo com você...as coisas que você me deixa fazer.
Como uma droga!

K. Minogue

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Madonna se foi



É. Agora que passou a onde megalomaníaca da material girl pelo Brasil, quero falar sobre o maravilhoso trabalho executado pelo fotógrafo Steven Klein, o editorial “Blame it on Rio“. Nele, o que a grande maioria do mundo sabe, é que Madonna conheceu nosso menino Jesus Luz e o tirou da manjedoura carioca para as grandes rodas do capitalismo. Bem, mas não é esse o ponto. O ponto é que este editorial tem total semelhança com seu primeiro clipe proibido pelas TVs americanas, até mesmo na MTV, “Justify my Love”, dirigido pelo grande fotógrafo Jean-Baptiste Mondino, o que rendeu a ela mais dinheiro, pois foram lançados no mercado fitas VHS só com o clipe na cantora. Claro! Naquela época ainda não existia pirataria. Ela ganhou, sim, dinheiro. No clipe, temos uma mulher cansada. Cansada da vida, dos amores, do cotidiano. Cansada de não ser ela e ao mesmo tempo, perdida num mundo de prazeres proibidos e desconhecidos . Então, ao toque melódico, sensual e constante de Lenny Kravitz e a voz sussurrada de Madonna, desenrola-se sua primeira experiência fetichista. Beijos, abraços, lambidas e troca de salivas e um pouco de dor entre a cantora e seres desconhecidos, homem, mulher, mulher-homem e homem-mulher, dentro de um hotel, marcaram essa fase da cantora que, dois anos mais tarde, lançaria seu álbum EROTICA. Ah! Detalhe. Lá, ela firmou seu relacionamento com o então, modelo Tony Ward.
Agora, 19 anos depois, muito mais madura, profissionalmente, intelectualmente e espiritualmente, resultado de seu ex-casamento e de sua espiritualização, O editorial publicado na revista W, traz uma mulher renovada e provando que sexualidade e desejo não têm tempo nem espaço. É tudo uma questão de atitude. A história é quase a mesma, um fino hotel, corredores, salões de festas, alguns homens bonitos e entre eles, sua mais nova aquisição. Se naquele clipe, Madonna se mostrava uma mulher reprimida no início, em busca de descobertas, nesta nova versão, é uma mulher poderosa em todos os sentidos e que sabe muito bem o que quer. Ela comanda, ela decide. Ela sabe o que quer, como quer e onde quer. Rola, rala, goza e provoca. No final não sai correndo como uma criança que acaba de descobrir um grande baú cheio de brinquedos, mas sim, termina satisfeita, deixa seu parceiro extasiado de prazer e volta pra sua vida, pro seu pocker, pro seu cigarro. A mulher completa.


domingo, 26 de julho de 2009

Um espaço dentro

Agora, há pouco, me banhava. Água quente, forte e, lá fora, frio e molhado. Muito frio. O calor da água, a sintonia da música que ela deixa ao cair. Me deparo pensando em você. Vejo seu rosto. Não claramente, mas é você. Parado, estático, como uma foto, e dinâmico no olhar enquanto acompanha meus pensamentos, ali dentro, naquele boxe. Se você fosse um vampiro, estaria me deixando seduzir pelos seus pensamentos, desejos, tão longe e tão próximos, muito próximos de mim, pois não tocavam minha pele molhada e ensaboada, mas percorriam dentro das minhas veias, dentro das minhas células e sendo, aos poucos, depositadas, todas, no fundo dos meus pensamentos mais profundos, mais secretos. Se fosse um bruxo, estaria completamente enfeitiçado, deixando sua energia mística percorrer todo o espaço entre nós até vir parar aqui, na minha janela, na minha frente, onde eu, já distraído pela sua imagem no meu horizonte fictício, me distraio, agora, pela sua presença. Sim, porque agora não era apenas eu, ali. Eram duas pessoas. Como se meu “eu“ estivesse adicionado de outra pessoa que não fosse eu. Dois eram um. Fui mais longe, embriagado por toda essa energia que habitava em mim, sem controle. Sem controle aos meus sentidos, claro, e controladas de longe, bem longe por você. O calor, que a essa altura já não sabia mais se vinha da água ou do meu corpo, ou do espaço, tomou conta dos meus pensamentos, dos meus sentidos e da minha inconsciência. Consegui ir além naquele momento. Nem rápido, nem lento, nem muito, nem pouco. Perfeito.

Me desperto, janela entre aberta, o vento frio entrando, correndo pelo Box, pelo meu corpo, na minha água, no meu banheiro. Luz acesa, hora de sair. Vou dormir.

sábado, 25 de julho de 2009

Certa Satisfação


Fim de férias. Início de ciclo. Sempre assim. É a vida, mesmo que você não perceba ou não queira perceber.
A todo o momento a vida vai virando, o mundo vai andando e as pessoas vão passando, passando, passando e passando. Esta semana passou e, ainda, passa, fica. É uma mistura de vida humana, sensações, experiências e sentimentos. Como pode alguns minutos, que depois se transformou em horas, te levar a uma jornada de dentro pra fora e despertar algo adormecido, de fora pra dentro? E eu que nem pensava mais isso. Será que não?
Madonna, em seus devaneios musicais já dizia: "There´s a certain setisfaccion in a little bit of pain". Nunca duvidei, mas também nunca explorei . Aliás, até explorei alguma coisa, mas da minha forma, da minha maneira, mesmo porque, como se explicar a alguém que, realmente, exista uma certa satisfação em um pouco de dor?
"Pouco de dor". Isso mesmo. Até o momento. Será que, pós pouco, virá muita dor? Vou experimentar? Vou gostar? Vou voltar a ser pouco, sabendo que se pode ter muito? Isso, somente a "dor" dirá. Tudo depende da comunicação e interpretação que ela fará em parceria com o prazer.
Sou novo. Quero saber.
A mim, só me resta sentir e esperar.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Outono


Fim de um período. Hoje, dei uma brecada do meu ritmo. Não uma brecada, mas sim um desvio de rota. Domingo, troquei as noites escuras e tão escuras já há um tempo, pela luz.
Deixei de lado um pouco os afazeres mecânicos e domésticos da vida num apartamento de um rapaz solteiro e caí pra cidade.
Outono no ar, luz do sol já querendo lamber os beiços do seu amigo horizonte, caminhei rumo ao contato humano. São Paulo, hoje, não era São Paulo. Durante o percurso apartamento - Ibirapuera, cruzei as ruelas do meu bairro e notei a beleza de suas ruas urbanas e tão verdes.
Numa calçada, pude notar, no seu finito caminho, que os ganhos das árvores, verde abacate com contrastes de verde escuro, tinha seus braços que se cruzavam abrindo o caminho. A luz do sol, que de tão intrometida, brilhava num clarão, no nordeste do local, brotando nessa mistura de intromissões, uma terceira cor, meio limão, meio laranja. Isso, Limão-Laranja.
E prossegui. Ao chegar à passarela, pude avistar, atrás do obelisco, todas as paredes dos prédios, refletindo, agora, o laranja esplendor do sol, que já desistia do dia de apresentação.
Como a cidade vive nos dias de folga. Não que isso seja apenas reflexo dos pensamentos e energias que transitam por toda ela, com seus cidadãos sem stress por, pelo menos, um dia. Não. Notei que a cidade fica mais bonita, porque ela consegue respirar e isso, deixa seus poros e o brilho da tez, muito mais saudável. E ela agradece.
No meio do parque, a multidão. Muitas pessoas felizes. Notei que muitas pessoas estão felizes com seus filhos, cachorros, maridos, namorados e bicicletas. Mais bicicletas que maridos. Mais a frente, notei a mulher que olhava para seu marido à frente carregando o filhote. Uma pena. Seu olhar denunciava todo seu cansaço e mágoa por não saber que ele não te olha, não te deseja, não pega sua mão, não a leva pra fazer algo novo, algo diferente, não consegue fazer ela se sentir sua mulher. Ele estava ali ao lado dela, mas para ele, quem parecia não estar ali era ela.
Pensei: nem tudo são flores nessa vida. Momentos ruins existem. Mas, ela que resolva seu problema. Eu, a cidade, o parque e mais meie multidão nela estávamos contentes o suficiente e com nossa auto-estima nas alturas. Me deixa , que eu sou feliz!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A Arte de Militar

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Hoje é meu primeiro dia como um blogueiro. Nossa! Às vezes me assusto como ainda sou lento nessa questão de modernização digital. E olha que trabaho quase que 24 horas na frente do meu Laptop. Mas isso não quer dizer nada, né? Se eu contar que só resolvi montar este blog por conta de uma matéria publicada na FOLHATEEN, vocês iriam entrar em choque.
Nesta quarta-feira fui ao cinema, muito bem acompanhado, assistir ao filme "MILK - A voz da igualdade" com o ator Sean Pean, ex Sr. Ciccone, que com este papel, representando o próprio Harvey Milk levou o prêmio de melhor ator do ano.
Pela primeira vez me simpatizei com o ator. Sempre protagonizando Bad Boys e com um antecedente violento que marcou sua vida com o seu casamento com a Madonna, pelos atos brutais como a tratava, nunca havia gostado muito dele. E desta vez, provavelmente por seu papel como um homossexual, não só eu, mas o próprio Sean, se libertou dessa insígnia de mal garoto e conseguiu novos fãs e sem falar no grande prêmio tão esperado em toda sua vida.
Como a vida é engraçada. Foi como se pra ele conseguir o oscar tivesse que superar seus próprios limites e um deles foi dar seu primeiro beijo em um homem. Confesso que nunca achei que ele fosse capaz de chegar a esse ponto. Tanto que, conta a lenda, assim que ele fez sua primeira cena de beijo ligou imediatamente pra Madonna para contar as novas.
Fiquei feliz, Sean Pean também e Madonna muito mais. Mas quando paro pra analisar essa minha felicidade a considero totalmente preconceituosa, assim como era o ator ou como eu achava que ele era. Porque tive que esperar ele ser um gay pra eu gostar dele? É natural essa sensação minha ou não passa de uma atitude ridícula. Ou talvez, essa minha simpatia seja na verdade não pelo ator e sim pelo personagem que ele representou: Harvey Milk?
Dúvidas à parte, quero agora falar um pouco da impressão do filme. Convoco toda a comunidade LGBT a assistí-lo e a tirar suas próprias conclusões. O filme é um tapa na cara de cada um de nós. O que nós, os gays, estamos fazendo para continuar essa jornada começada há 40 anos atrás. Será que estamos realmente ouvindo esse recrutamento para lutarmos pelos nossos direitos, ou continuamos apenas esperando que outros Harveys façam isso por nós. Até onde chega o nosso orgulho gay? Talvez sejamos tão orgulhosos, que continuamos nos escondendo nos armários da vida, da desilusão, do mêdo, da insegurança e principalmente da preguiça e a mostrando apenas nas festividades da Parada e de suas festas, ou até mesmo como disse Nany People: Turismo sexual.
MILK vem para dar uma sacudida em todos. O futuro já está aqui e o que estamos fazendo pelos nossos direitos?
Me lembro ainda de quando militei por quase três anos em Cuiabá na LIVREMENTE, entidade que trabalhava com os Gays daquela cidade. Eram dias de descobrimento e luta por uma causa e por um ideal. Juntamente com o Clóvis, Mauro e Menotti, conseguimos muitas vitórias e uma delas foi a primeira parada gay de Mato Grosso. Só que depois, acabos por desiludir por conta de disputas dentro da própria associação, que na época foi uma total decepção, pois mais uma vez acreditei ser um local livre de tudo isso e que realmente estaríamos todos por um e um por todos. É claro, eu era o Dartanha.
Saudades de voltar a lutar por uma causa a não ser a minha própria. Ok, estou dando um tempo agora pros meus estudos, pois preciso deles até mesmo pra poder sobreviver, pois só da causa não se vive, a não ser que faça como muitos militantes que conseguem de uma forma ou de outra mamar nas tetas do governo com seus projetos. Quero ser íntegro. Lutar porque amo e não porque quero algo em troca. A única coisa que vou querer em troca são as conquistas pra toda a comunidade. E pra mim, a troca virá automaticamente, que será o crescimento como pessoa e como membro de uma sociedade. Milk tinha essa visão: Amar ao próximo como a si mesmo. Não sei se alguém fez tanto como ele fez.
Pra não ficar o clima muito pesado, quero falar agora um pouco sobre o figurino do filme. O figurino é todo assinado por Danny Glicker, a mesma responsável pelos figurinos do filme Transamérica. É muito interessante ver, que desta vez, quem brilhou aqui foram os homens. Tinha todos os estilos dos anos 70: Black Power, Flower Power, boca de sino, pantalonas, shortinhos de Naylon, regatas, baby looks, coletes, e muito, mas muitos bigodes. O interessante ó ver o quanto isso está contemporâneo. Basta dar um pulo no Glória pra se sentir dentro de uma cena do filme. Adoro! Apesar do bom figurino, ele ficou mais no lado documental, pois seguiu a risca as imagens e referências, pois o filme também é muito documenta. A melhor cena de todas é a que o assitente do Harvey, o Cleve Jones (Emile Hirsch) começa a convocar vários ativistas por todo o país e a tela do cinema vai se multiplicando em quadrados coloridos. Uma festa de cores e inspirações.
Enfim, o filme acabou, fiquei no ponto de ônibus namorando um pouquinho, enquanto ele não passava e aproveitando de um pouco desta liberdade, que se deu início ha quase 40 anos atrás. Salve Milk!