domingo, 23 de agosto de 2009

Para alguém


Todos os dias, quase sempre, desde o momento em que nos levantamos ao acordar até o momento em que nos deitamos para dormir, há sempre momentos de pausa para nossa mente onde nos perguntamos sobre, pensamos em ou desejamos alguém. Se alguém ainda não existe questionamos como, quando e onde será que esse momento acontecerá. De novo, mais uma vez, menos uma ou nunca mais até querer o próximo. Desejamos emprego, casa, comida, diversão, balé, mas o alguém, esse sempre está lá na lista dos 10 mais, rondando impertinente em volta, do lado de dentro e de fora da nossa tão ansiosa mente. Chega a ser um vício, inconsciente muitas vezes, mas um vício. Se vamos sair, temos que nos aprontar, vestir, embelezar e a nossa entorpecida mente vaga atrás de alguém. Se alguém já existe, ótimo, a imagem é clara. Se não, mais trabalho e mais ansiedade em construir diversas possibilidades de montar um quebra cabeça mental até que a ultima peça se revele, seja depois de uma noite, de um café descompromissado, um flerte casual, uma teclada virtual ou de uma investida que se arrastava há algum tempo. Ter esse alguém em nossa mente é como um passa tempo, uma diversão para nossa quase sempre solitária mente. Ela, nessa busca, pode nos fazer sorrir, esperar, desistir, chorar, apaixonar, amar, odiar, matar, perdoar, aprender, ensinar, tudo de acordo com o aprendizado dela desde que começamos a nos entender como alguém. Alguém, ninguém, aquém, além. Ele, ela, sempre aparece, sempre vai embora até o dia em que se aproxima, chega, senta, toma um chá, dá um abraço e pede pra ficar. Para sempre.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A primeira vez


Fui ao seu encontro. Sem medo.
Sem medo de você e sem medo de mim.
Sem medo de experimentar o que seria novo.
Sem medo de expor meu sentimento, minha vontade, meus desejos.

Já havia experimentado esperar de alguém e encontrar o que sempre li nos livros
Mas uma vez vivenciado, nunca mais somos os mesmos.
Assim foi comigo durante uma longa jornada de descobrimentos.
Sempre muito lento, mas tudo ao seu tempo. O meu tempo.

Desta vez, graças à curiosidade e meu interesse em pesquisas
Indo nos compartimentos secretos dos livros que quase ninguém lê
Buscando o autoconhecimento e aprimoramento do que é viver e viver
Que te encontrei

Ainda não sei se encontrei ou se fui encontrado
Ou então, se toda a energia que cerca esses livros proibidos
Acaba por te levar até caminhos que sempre estiveram a nossa frente
Talvez escondidos pela grossa poeira deixada na estante.

Fui. Cheguei.
Não havia nervosismo ou ansiedade. Desta vez, não.
Foi como chegar ao lugar que nem mesmo eu, no mais fundo de mim
Pensava alguma vez, nesta vida, encontrar.

Senti em casa. Uma nova casa.
Não haveria mais dúvidas nem inseguranças.
Não tem porque ter.
Os papéis são muito bem definidos
E a seriedade, também.

Pele branca
Pêlos escuros
Lábios vermelhos
Olhos profundos. Profundos em mim.

Sentir seu toque
Toque molhado, toque seco, toque duro. Toques.
Ser, obedecer, dar, oferecer, receber. Trocas justas.

Ser seu
Obedecer a você
Dar o que você quiser
Oferecer o que você mais quer
Receber o que você tem de melhor para me dar.

E o tempo foi passando. Rápido demais.
Vontade de travar uma briga contra os ponteiros do meu tempo.
Prolongar até que durasse uma eternidade
Não venci. Ainda.

O calor do abraço, o sabor do braço
O cheiro do perfume, o perfume da pele. Toda pele.
Só para mim.

Você me quer?
Sou de você. Pertenço-te.
Mas o que quer de mim terá.
Eu quero tudo. Tudo que possa me fazer ser teu. Só teu.

Mais um tempo sem você. Não tem como mudar.
Mas tenho como suportar, esperar.
Abastecido pelo seu cheiro, seu olhar, seu suor, seu gosto, sua saliva, seu amor.
Você agora está dentro de mim, dentro da minha cabeça, dentro do meu desejo.
Você é real. Eu sou real. Nós somos reais.

Apenas o começo.

No fundo da estante, agora há outro livro.
Novo, desconhecido, com algumas páginas escritas.
Cheias de emoções, sentimentos, desejos.
Há um código para o acesso.
Há que ter permissão.
Aguardo ansioso por ela.
Ela vem. Eu sei.

sábado, 8 de agosto de 2009

Tigre sem sabre


Hoje, conheci um tigre diferente dos outros tigres.
O tigre, sendo ele de qual espécie for, é um caçador solitário e, quase sempre, noturno.
Não precisa ser provocado ou cutucado para atacar.
Silencioso, sua presa, nunca percebe quando se aproxima.
Este tigre, o que conheci hoje, não difere muito de outras de sua espécie.
Características parecidas, mas uma delas me fez ver o quanto ele era diferente, sim.
Acostumado com a forma que sua espécie vive ao longo dos séculos, este conseguiu unir a utilidade da caça ao prazer. O mais puro prazer.
Sabendo de sua fama de solitário e todo o charme que esta característica o envolve, vaga pelas noites, pelas manhãs, tranqüilo.
Não precisa ficar atento em encontrar sua presa. Sabe que seu charme e toda a beleza e cheiro que seu pêlo exala, é que irá trazer a presa até ele.
Esta, uma vez entorpecida, não sairá de suas garras.
A forma como ele olha para ela, como penetra em seus olhos todo o desejo e vontade em devorá-la, funciona como uma espécie de magia.
Ela já não consegue mais sair. Está presa.
Sabe que não a machucará. Não tem medo. Ela confia.
Apenas sente. Sente prazer.
Quer estar com ele, brincando em seus jogos sedutores, criados especialmente para ela. Só para ela.
Sair dele, nem pensa.