sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

S A M U R A I


Os olhos não são negros.

Como a escuridão dos seus cabelos emendados ao pêlo que cobre sua face.

A face é branca.

De uma palidez que enrubesce.

Enrubesce até descer sobre seu colo que contrasta com suas vestes sombrias de tão negras.

Quase tudo é preto e branco.

Mas tem que pegar, puxar, forçar, até rasgar para descobrir, que sobre o branco, existe a cor.

De um colorido quase monocromático que encanta, fascina e hipnotiza.

Depois disso, tem que ser tocada, sentida, mordida e marcada.

Tentar sentir à força essa coloração como se fosse desmanchar através dos lábios.

Sentir a textura, a mistura que elas têm.

Estão ali para serem sentidas, tocadas. Adoradas.

Adoradas por quem sabe sentir que elas existem.

Existem para atrair, puxar, segurar, prender e tornar seu, nosso, dos dois.

É uma confusão de cores monocrômicas que aos olhos se tornam um caleidoscópio gigante pronto para agarrar sua presa, que coitada, acredita e não quer desgrudar mais.

Pobres os coitados, que se encantam. Não sabem ou é porque realmente sabem que se assemelham a viajantes no mar sob uma tempestade escura a ouvir o cantar da mais bela sereia que os faz fantasiar como sendo únicos para ela.

Estático, utiliza-se apenas do seu olhar para dizer tudo o que sente, tudo o que quer.

Um olhar que penetra, invade sem querer saber, apenas entrar, tomar conta e contaminar.
Contamina cada célula, cada pensamento, cada sentimento. É tudo ou nada.

É uma batalha, do querer e não querer. Poder e não poder. Deixar ou não deixar. Gostar e não gostar. Ficar ou partir.

Fique.

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